Mitchell percorria as ruas de Nova Iorque à procura de histórias bizarras, sendo um meticuloso observador da realidade (antecipando um outro notável jornalista literário - Truman Capote). A sua escrita é refinada, atenta ao pormenor e repleta de ironia e humor. É uma obra de um só fôlego, imbuída de momentos de supremo gozo literário. O livro "O Segredo de Joe Gould" contém dois perfis que o jornalista escreveu sobre Joe Gould, um vagabundo que largou tudo (inclusive estudos em Harvard) para escrever "Uma história Oral do Nosso Tempo”. Um livro gigantesco, onze vezes maior que a bíblia, onde estaria reunido todo tipo de histórias e conversas que Gould ouvira na vida, recolhendo milhares de diálogos, discussões de rua, bares decadentes de Manhattan, etc. Joe Gould acreditava que, no futuro, essa sua obra seria de grande importância para o estudo histórico de sua época. Tinha como amigos vários escritores, editores, jornalistas e poetas. Morreu em 1957 e o livro que foi escrito nunca foi encontrado. Mas a lenda dizia que existia, aumentando a reputação e a admiração à volta do vagabundo Gould. Em 1964, sete anos após a morte de Gould e mais de vinte anos após o perfil da "The New Yorker", Joseph Mitchell escreveu para a mesma revista outro texto sobre o boémio nova-iorquino - "O Segredo de Joe Gould" -, revelando o mistério guardado por tanto tempo (texto que viria a dar neste livro).
Depois dessa reportagem histórica, o jornalista nunca mais publicou sequer um texto. Morreu de cancro em 1996.
Cauê Lira
Depois dessa reportagem histórica, o jornalista nunca mais publicou sequer um texto. Morreu de cancro em 1996.
Cauê Lira