quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Narração


Narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:

Esquematizando temos:
- Apresentação;
- Complicação ou desenvolvimento;
- Clímax;
- Desfecho.

Os elementos que compõem a narrativa são:
- Foco narrativo (1º e 3º pessoa);
- Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante);
- Narrador (narrador-personagem, narrador-observador).
- Tempo (cronológico e psicológico);
- Espaço.
Podemos ver esses elementos nesse texto:

Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontra-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
Manuel Bandeira

Em uma análise podemos mostrar que:
Conflito: um romance conturbado, que resulta em crime passional.
Personagens: Misael e Maria Elvira.
Espaço: Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares.
Tempo: Duração do relacionamento: três anos.

Quanto à estruturação narrativa convencional:
Apresentação: a união de Misael, 63 anos, funcionário público, a Maria Elvira, prostituta;
Complicação ou desenvolvimento: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael a buscar nova moradia para o casal;
Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas pelo comportamento desregrado de Maria Elvira, acarretam o descontrole emocional de Misael;
Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com seis tiros.

Os textos que não pertencem ao campo da ficção não são considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela trama, pelo conflito.
Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que quer dizer, o modo de ser da narração.

Rodrigo Fabretti

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Eduardo Spohr


Eduardo Spohr nasceu em 1976 no Rio de Janeiro, filho de um piloto de avião e de uma comissária de bordo. Devido às profissões dos pais, Spohr teve a chance de viajar para vários lugares do mundo ainda na infância, onde já se aventurava no mundo dos escritos literários. Estudou comunicação social durante a faculdade, a principio, dedicando-se à Publicidade, e em seguida ao Jornalismo.  O seu contato com várias culturas e os acontecimentos da Guerra Fria inspiraram Spohr a escrever sobre o fim do mundo e religião.



Em 2006, Spohr afiliou-se como colaborador ao blog Jovem Nerd, um famoso website de cultura pop, tecnologia, humor e entretenimento, participando constantemente do NerdCast, o podcast mais famoso e escutado no Brasil.
Ainda sem o amparo de editoras, Spohr lançou seu livro “A Batalha do Apocalipse” na loja virtual do site Jovem Nerd, onde conseguiu vender cerca de quatro mil exemplares em 2010. Em julho, o Grupo Editorial Record publicou a obra que, atualmente, já ultrapassa os 360 mil exemplares comercializados.



Junto de Alexandre “Allotoni” Ottoni e Deive “Azaghal” Pazos, lançou a compilação “Protocolo Bluehand” em 2011, possuindo dois exemplares até hoje. Protocolo Bluehand: Zumbis simula um manual de sobrevivência ao apocalipse zumbi e foi recepcionado com duas mil cópias vendidas nas primeiras 24 horas após o lançamento. Posteriormente, Protocolo Bluehand: Alienígenas, substitui a temática de mortos-vivos por seres extraterrestres. 


Parte da entrevista do autor, jornalista e blogueiro carioca no Jô Soares, em 2010.


Junto do grupo Jovem Nerd, Eduardo conseguiu uma legião de fãs, incorporando os grandes sucessos da cultura jovem em suas obras, como The Walking Dead e a série de jogos eletrônicos Resident Evil.

Cauê Lira

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Conto *

“Quem conta um conto, aumenta um ponto.”

Foi dessa forma que esse tipo de texto surgiu. Não sendo por acaso seu nome, o conto teve início junto com a civilização humana. As pessoas sempre contaram histórias, reais ou fabulosas, oralmente ou através da escrita. O conceito de conto, hoje em dia, foi ampliado em relação a este citado acima. Isto se dá porque escritores passaram a adotar esse tipo de texto como uma forma de escrever, e essa tentativa tem sido promissora. Além de utilizar uma linguagem simples, direta, acessível e dinâmica o conto é a narração de um fato inusitado, mas possível, que pode ocorrer na vida das pessoas embora não seja tão comum.


Há algumas características que podem nos ajudar a identificar ou até mesmo a produzir um conto:
- É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa.
- A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos.
- Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.
- Envolve poucas personagens, e as que existem se movimentam em torno de uma única ação.
- As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito.
- A habilidade com as palavras é muito importante, principalmente para se utilizar de alusões ou sugestões, frequentemente presentes nesse tipo de texto.


EXEMPLO DE CONTO :''  O Segredo'' - Clarice Lispector
Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os dedos trêmulos cerro os teus lábios, não a digas. Há tanto tempo eu de medo a escondo que esqueci que a desconheço, e dela fiz o meu segredo mortal.


Publicado por : Thiciane Ferrinho 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Haikai


Haikai (também conhecido como Haiku) é a forma poética japonesa que valoriza a objetividade em seus textos, normalmente acompanhados por uma pintura chamada haiga. No Japão, são tradicionalmente escritos em apenas uma linha vertical, mas no Brasil e em outros países ocidentais são distribuídos em três linhas horizontais e paralelas. Os escritores desse tipo de poema são chamados de haijns.

( Créditos de imagem: Blog Cinema e Algo Mais )

O haikai chegou ao Brasil em 1908 com os imigrantes japoneses a bordo do Kasato-maru. Nele estava Shuhei Uetsaka, um haijin que ficou famoso pelo haikai escrito momentos antes da chegada do Kasato-maru ao porto de Santos.
“A nau imigrante
chegando: vê-se lá do alto
a cascata seca.”
O primeiro brasileiro a usar de sua arte foi Afrânio Peixoto, onze anos após a chegada dos imigrantes. Algumas décadas depois, já havia um número considerável de poetas que utilizavam de sua métrica, mesmo que poucos se identificassem como haijins. Millor Fernandes, Paulo Lenisky e Alice Ruiz são nomes famosos do haikai brasileiro.

“Esnobar
é exigir café fervendo
e deixar esfriar”
(Millor Fernandes)

“Olha,
entre um pingo e outro
a chuva não molha.”
(Millor Fernandes)

“A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia”
(Alice Ruiz)

“Viver é sempre difícil
o mais fundo
está sempre na superfície”
(Paulo Leninsky)

  No século XVI, iniciou-se uma perseguição aos imigrantes no Japão. Os mercadores e jesuítas portugueses que tentavam ocidentalizar e catequizar os japoneses foram expulsos do país com brutalidade. O Japão fechou-se completamente ao ocidente. Os duzentos anos seguintes foram de grande pureza à cultura japonesa, sem intervenções externas. Com o fim das guerras, os samurais se sentiam jogados às traças pelo governo japonês. Logo, começaram a ampliar sua cultura e sua filosofia de vida ao zen-budismo, à pintura e também à poesia.
 A mistura da filosofia samurai (o Bushidô), a meditação zen-budista e a poesia criou os primeiros conceitos que seriam abordados pelo haikai. Não costuma haver posicionamento do poeta, pois é, preferencialmente, uma descrição do presente, evitando comparações ou conceitos do tipo "isso é belo (ou feio), etc", evitando o aparecimento das fraquezas do ser humano perante a natureza.
  Cauê Lira

14ª JORNADA NACIONAL DE LITERATURA COLOCA REDES E MÍDIAS DIGITAIS EM PAUTA


Com a mesma sensação de intensidade e fluidez que a leitura de um bom livro proporciona, passaram-se 30 anos de Jornada Nacional de Literatura, o grande encontro de autores nacionais e internacionais que acontece em uma lona de circo para cinco mil pessoas na Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul.

Em clima de celebração, acontece de 22 a 26 de agosto a 14ª Jornada Nacional de Literatura e a 6ª Jornadinha Nacional de Literatura (voltada para as crianças), no Circo da Cultura. Escritores consagrados, artistas e acadêmicos participam da programação, que inclui debates, palestras, seminários, conferências, cursos, espetáculos musicais, teatrais e de dança, oficinas, filmes e exposições. A promoção é da UPF e da Prefeitura de Passo Fundo.

Neste ano, o tema não poderia ser mais pertinente. Com o título de “Leitura entre nós: redes, linguagens, mídias”, os encontros discutirão o impacto das novas plataformas digitais na forma como a literatura se consome, e vem se transformando. E através de todos os pontos que formam essas redes, incluindo os professores, alunos e o público em geral.

Entre os autores internacionais convidados estão o premiado português Gonçalo M. Tavares, os argentinos Beatriz Sarlo e Alberto Manguel, o americano Nick Montfort, o britânico Peter Hunt, o tunisiano Pierre Lévy e a britânica Kate Wilson. Já o Brasil é representado por uma série de escritores como Edney Silvestre, Marcia Tiburi, Tatiana Salem Lévy (que apesar de ter nascido em Portugal, cresceu no Brasil), Eliane Brum, Maurício de Sousa, entre muitos outros.

As novas tecnologias estão presentes na Jornada há alguns anos, mas em 2011 elas migram para o centro do debate. A discussão sobre os novos formatos digitais e as suas possibilidades vai nortear os debates, colocando em pauta a questão de que a tecnologia pode ser usada para o estímulo da leitura e da formação de público para a arte. Este, aliás, é o objetivo supremo da Jornada ao longo de seus 30 anos.
                                                                          Larissa Karoline.

O que é literatura?


 




                                               Larissa Karoline.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre Política e Jardinagem

"De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.

Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.

Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.

Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade... Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.

Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.

Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?

Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.

Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.)"

Texto de Rubem Alves.
Postagem: Rodrigo Bifani

Brasil levará nove escritores à Feira de Frankfurt




Notícia Publicada dia 11/09 - via Estadão
Maior e mais importante evento do mercado editorial internacional, a Feira do Livro de Frankfurt, a ser realizada entre 10 e 14 de outubro, terá participação mais robusta do Brasil este ano. O estande coletivo das editoras brasileiras será maior - com 330 m² ante os 216 m² do ano passado, e um time de escritores foi escalado para mostrar a produção literária nacional. É o começo dos preparativos para a aguardada participação em 2013, quando o País será homenageado.
Para chegar à lista dos autores convidados, Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, diz que ouviu sugestões dos tradutores alemães, que pediram jovens escritores, e consultou a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, que indicou dois autores por ela premiados. Outros foram escolhidos porque têm tido bom desempenho no programa de apoio à tradução da FBN ou porque foram selecionados para o número de estreia da revista "Machado", que será lançada na feira com trechos de textos de autores daqui traduzidos para o inglês ou espanhol. A iniciativa é do Itaú Cultural e a revista será coeditada pela FBN.
Estarão em Frankfurt este ano Alberto Mussa, Luiz Ruffato e Cristovão Tezza, os mais traduzidos, e Andrea Del Fuego e Michel Laub, que estão tendo obras vertidas para o alemão neste momento. E ainda João Paulo Cuenca, que lança livro lá agora, Marina Colasanti e Roger Melo. No último dia da feira, a poeta Hinemoana Baker, da Nova Zelândia, país homenageado em 2012, passará o bastão para Milton Hatoum, cronista do Caderno 2 do jornal "O Estado de S. Paulo" e um dos escritores brasileiros contemporâneos mais conhecidos no exterior. Ele ainda falará durante 20 minutos sobre a literatura nacional. Em 2013, a lista será maior, e incluirá músicos, artistas plásticos e atores.
Além de conversas com esses escritores, estão sendo organizados debates sobre temas que vão desde os best-sellers ao mercado de livros técnicos. E para quem passar pelo estande do Brasil no final do expediente, será oferecida uma caipirinha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
                                                Thiciane Ferrinho

terça-feira, 4 de setembro de 2012

"A literatura infantil só vale a pena quando é libertadora"


Notícia do site iG - 31/08/2012 17:14:34
"Após se aventurar na poesia, história e romance, o jornalista e escritor Edison Veiga lança neste sábado (dia 1º), às 16h, na Livraria Martins Fontes (av. Paulista, 509), em São Paulo, seu primeiro livro infantil.
Em "O Menino que Sabia Colecionar" (Panda Books), Edison conta a história de Nardinho, um menino de sete anos que coleciona coisas incomuns, como palavras, madrugadas, orvalhos, estrelas, lágrimas e nuvens. A partir dessa "coleção de impossíveis", como diz seu amigo João, o menino demonstra seu encantamento com a vida e com o mundo, amparado pelos desenhos da ilustradora Sandra Jávera."
iG: O que vem primeiro: a ideia de fazer um livro infantil ou uma história que virou um livro infantil? 
Edison Veiga: A ideia veio primeiro. Alguns anos antes, até. Não sabia que conseguiria escrever um livro infantil, na verdade. Mas tinha uma ideia pronta, martelando na cabeça, insistente, renitente, sobre um sujeito que colecionava enquantos. Quando fui botar no papel, a coisa foi nascendo como que para criança. Aí percebi que podia escrever uma história lúdica, cheia de elementos do imaginário infantil. E me lembrei de quando, criança eu mesmo, adorava viajar em meus devaneios puros e pueris. O que seria um conto ou até um novo romance, virou uma história infantil. E eu, perigosamente, gostei.
iG: Há uma preocupação maior ao escrever para crianças? 
Edison Veiga: Sem dúvida. Acredito que a literatura infantil só vale a pena quando é libertadora, quando mostra para as crianças que não há limite para a imaginação, para os sonhos, para a criatividade. E escrever para criança é de uma responsabilidade imensa! Estou escrevendo para quem está em fase de moldar o caráter... Nada pode ser mais importante do que isso.
iG: Quais são os livros infantis que marcaram a sua infância? 
Edison Veiga: Aos 8 anos, devorei toda a coleção do "Sítio do Picapau Amarelo". Eu era freguês assíduo da Biblioteca Municipal de Taquarituba, minha cidade natal, onde vivi até os 17 anos. Mas há outros títulos e autores que também me marcaram muito. "Flicts" e "O Menino Maluquinho", do Ziraldo , por exemplo. "Surilea-mãe-monstrinha", de Eva Furnari. "Marcelo, Marmelo, Martelo", da Ruth Rocha.
iG: O que você tem do Nardinho? 
Edison Veiga: Bom, de cara acho que vale lembrar de uma informação implícita: Nardinho é apelido de Ronaldo, porque Ronaldo, em "caipirês", vira Ronardo, que vira Nardo, que vira Nardinho. Sou caipira, nasci em Taquarituba, tenho os pés vermelhos (risos). Mas isso não importa. É claro que a obra é ficção, completamente. Mas, quando criança, adorava minhas coleções: de selos, de tampinhas de garrafa, de pedras, de gibis, de conchas, de bolinhas de gude. E, bom, vale lembrar que a primeira - e mais importante - coleção do Nardinho é de palavras, não é? Desde criança sempre fui fascinado por palavras de som bonito. Gostava de usá-las, por mais estranhas que fossem."
-
Alguns escritores se prendem a um único gênero da literatura e se dão bem com isso, mas uma mudança de estilo pode ser algo inspirador e necessário. Edison Veiga nos mostra que é possível seguir outro caminho e obter sucesso, e também a usar suas próprias experiências para ensinar outras pessoas.
Barbara Demerov