segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Conto *

“Quem conta um conto, aumenta um ponto.”

Foi dessa forma que esse tipo de texto surgiu. Não sendo por acaso seu nome, o conto teve início junto com a civilização humana. As pessoas sempre contaram histórias, reais ou fabulosas, oralmente ou através da escrita. O conceito de conto, hoje em dia, foi ampliado em relação a este citado acima. Isto se dá porque escritores passaram a adotar esse tipo de texto como uma forma de escrever, e essa tentativa tem sido promissora. Além de utilizar uma linguagem simples, direta, acessível e dinâmica o conto é a narração de um fato inusitado, mas possível, que pode ocorrer na vida das pessoas embora não seja tão comum.


Há algumas características que podem nos ajudar a identificar ou até mesmo a produzir um conto:
- É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa.
- A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos.
- Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.
- Envolve poucas personagens, e as que existem se movimentam em torno de uma única ação.
- As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito.
- A habilidade com as palavras é muito importante, principalmente para se utilizar de alusões ou sugestões, frequentemente presentes nesse tipo de texto.


EXEMPLO DE CONTO :''  O Segredo'' - Clarice Lispector
Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os dedos trêmulos cerro os teus lábios, não a digas. Há tanto tempo eu de medo a escondo que esqueci que a desconheço, e dela fiz o meu segredo mortal.


Publicado por : Thiciane Ferrinho 

3 comentários:

  1. O conto pode ser classificado como uma obra de ficção,onde nele se cria um universo de seres e acontecimentos,de fantasia ou da própria imaginação. O conto como os outros textos de ficção apresenta um enredo,narrador,personagens,tempo,e espaço.Uma de suas característica é o fato de ser curto,sua leitura é considerada rápida e simplificada.Podemos destacar alguns contistas brasileiros como: Machado de Assis,Aluísio Azevedo e Artur de Azevedo,que abriram espaço para contistas como:Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Ruth Rocha, Lima Barreto, Otto Lara Resende.

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  2. Sérgio Telles
    João Sergio Siqueira Telles (Fortaleza, 1946) formou-se em 1970. Tem livros na área da psicanálise e dois de contos: Mergulhador de Acapulco (1992), menção honrosa no Concurso de Contos do Paraná, 1988, com o título O Décimo Dia e outros contos, e Peixe de Bicicleta (2002), prêmio APCA, 2002. Está incluído na antologia de literatura brasileira Fran Urskog Till Megastad, organizada e publicada por Arne Lundgren, na Suécia, em 1994. Para a antologia O Talento Cearense em Contos teve selecionado “Cicatriz de Bala”. Em 2003, lançou Fragmentos Clínicos de Psicanálise, estudos psicanalíticos. Em 2004, lançou dois livros, um de ensaios psicanalíticos sobre cinema, O Psicanalista Vai Ao Cinema, e Mistura Fina – Contos & Crônicas & Poesias. Em 2006, lançou Visita Às Casas de Freud e Outras Viagens, livro de ensaios de psicanálise e cultura.

    MERGULHADOR DE ACAPULCO

    De longe: Os bicos dos sapatos, meio arredondados, saem fora do caixão. A sola mostra ter andado por muitos caminhos antes de enveredar por este agora para o qual está destinado.

    Já mais próximo: O leito de flores. A mão inchada de tantos tubos e agulhas. A face em placidez séria e cérea. O terno azul-claro, combinando com a meia e a gravata, com a camisa de listrinha azul, tudo como ele fazia antes.

    Encostado no caixão: Vertigem, tontura, sensação de desmaio. Como se – de uma altura enorme – fosse cair dentro do caixão. À beira de um penhasco. Mas logo me firmo e, mergulhador de Acapulco, pulo em salto mortífero, riscando o vazio num vôo limpo e preciso, o corpo em movimentos gráceis e poderosos, um canivete que se abre e fecha, uma seta certeira fazendo o arco completo até afundar no azul do mar. Subo à tona, estou vivo e me vanglorio de ter conseguido mais uma vez. A beleza da vida, o sol, a ousadia, o criar desafios gratuitos e desnecessários, pelo simples prazer de vencê-los da forma mais bela e justa.

    Saindo de perto do caixão: Uma vontade de espancar o morto, de esmurrá-lo, de derrubar o caixão no chão, espalhar flores e velas. Espancá-lo para acordá-lo, trazê-lo de volta, para que venha para cá, para que não nos deixe. Ou ainda, para quebrar a ilusão de que ele apenas dorme, para que caindo no chão o corpo hirto assuma posições grotescas e impossíveis, casca abandonada, inútil. Para que, impossibilitado de acordá-lo, acorde as outras pessoas que ali estão e que agem como se nada de grave estivesse acontecendo, que se recusam a ver o terror nu que ali se expõe cruamente, que – em suave rumor de conversas civilizadas – bebericam café e água em pequenos copos de plástico.

    (Extraído de Mergulhador de Acapulco)

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  3. "Branca do Mortos e os Sete Zumbis" cria versões de terror para os contos de fada tradicionais popularizados pelos irmãos Grimm. O livro é escrito por Abu Fobiya, heterônimo "amargurado e pessimista" de Fábio Yabu, autor infantil conhecido por séries como "Princesas do Mar".

    "O objetivo do heterônimo é não confundir as crianças e pais que leem meus outros livros", disse Yabu ao UOL. "O Fábio Yabu vai continuar escrevendo livros infantis, enquanto o 'Abu Fobiya', que em árabe e grego quer dizer 'pai do medo', vai assinar obras de terror voltadas para os adultos".

    O escritor Neil Gaiman, citado pelo autor como uma de suas influências, escreveu em uma de suas coletâneas a história de Branca de Neve do ponto de vista da madrasta, retratando Branca como uma criatura monstruosa e vampiresca que seduz o rei. Gaiman disse que o efeito desejado é que sua versão se torne uma espécie de vírus que infecte a mente do leitor e o impeça de pensar na história original com a mesma inocência de antes.

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