Língua – Vidas em Português é um documentário filmado em seis países (Brasil, Moçambique, Índia, Portugal, França e Japão), e conta com a presença de pessoas ilustres como José Saramago e de outras pessoas anônimas.
O mais interessante é perceber a memória que está armazenada na língua. Nos seis países visitados, quando os entrevistados são instados a se pronunciar e o fazem em português passam uma sensação fantástica de intimidade para o telespectador que também fala português. O cenário pode não ser conhecido, mas, a língua cria uma zona de conforto.
Para se ter uma dimensão dessa afirmativa, os olhos puxados de algumas personagens do documentário a priori afastam a possibilidade de semelhanças entre as culturas, no entanto, está na língua uma possibilidade de link entre o Japão e o Brasil. Os japoneses que falam português deram a sua contribuição à língua e sentem-se em casa em um bar brasileiro localizado em Tóquio (provavelmente se comunicam em um português oriental!). A música é brasileira, o ambiente nos é familiar, no entanto as pessoas são de um outro continente e de uma cultura bastante diversa da nossa.
Aparece um casal, francês, salvo engano, que fala português e que tem consciência de o que é moda e faz questão, provavelmente num grito rebelde por espaço, de estar fora dela. E argumentam que caso você se torne escravo da moda, qualquer dificuldade financeira, por exemplo, pode acabar com a sua vida. Pode deixá-lo sem identidade. Eles vivem a maneira de se comunicar, que vai além da fala e da escrita, com intensidade e dão importância ao estilo de vida e de se vestir como códigos sociais que são.
Há um outro momento bastante relevante que é o da apresentação de um ritual religioso em um dos países estrangeiros que são visitados. Por mais que a compreensão de palavra por palavra seja comprometida pela velocidade do sotaque, a emoção é muito clara e mora justamente nessa memória que a língua guarda tão bem. A comprovação está em um ritual religioso realizado em uma favela do Rio de Janeiro que, embora com um texto diferente, traz a mesma carga dramática e nos permite o mesmo envolvimento emocional.
São inúmeras passagens que mostram como a língua portuguesa sofre diferentes influências, cruza com as mais diversas histórias, culturas e não se esvazia jamais de sentido, isso é a própria comunicação. Não há a possibilidade de uma língua simplesmente absorver novas interpretações isoladas, contextualizadas apenas para um ou outro país. Ela pertence a um universo muito maior e representa a memória coletiva de um povo colonizador e um povo colonizado.
João Ubaldo Ribeiro analisa tecnicamente as alterações que o português brasileiro tem sofrido em função das dimensões geográficas do Brasil e das influências de outros povos. Não demonstra desconforto quanto à absorção de vocabulário, apenas quanto à importação de sintaxe, no entanto, conclui que é um processo natural e que caso não ocorresse todos ainda falaríamos latim.
O foco do documentário está na demonstração de que o português não é uma língua estática, assim como não são estáticas as sociedades que falam ou poderão vir a se comunicar através da última flor do Lácio.
Thainá Marques
É um documentário real que mostra a vida das diferentes populações que falam a nossa língua portuguesa, assim mostrando histórias reais, de pessoas bem diferentes, de aposentados, de casais, de jovens, de apaixonados, de artistas entre outros. O documentário passa os diferentes lugares, países, regiões, que falam, que vivem, que cantam, que amam, que declamam em português diariamente,o documentário também investiga a língua em vários países que herdaram o português de Portugal e é muito importante, pois nos dá uma visão clara do que realmente se transformou nesta língua herdada de outro país por nós, brasileiros.
ResponderExcluirLarissa Karoline.
Todo dia duzentas milhões de pessoas levam suas vidas em português. Fazem negócios e escrevem poemas. Brigam no trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia a língua portuguesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas, angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses. Novas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os continentes, habitadas por deuses muito mais antigos e que ela acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados se apropriaram e que devolvem agora, reinventada. Língua que novos e velhos imigrantes levam consigo para dizer certas coisas que nas outras não cabe.
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