terça-feira, 14 de maio de 2013

O Segredo de Joe Gould

"O Segredo de Joe Gould" é o livro vencedor do último Prêmio Nobel da Literatura.
Mitchell percorria as ruas de Nova Iorque à procura de histórias bizarras, sendo um meticuloso observador da realidade (antecipando um outro notável jornalista literário - Truman Capote). A sua escrita é refinada, atenta ao pormenor e repleta de ironia e humor. É uma obra de um só fôlego, imbuída de momentos de supremo gozo literário. O livro "O Segredo de Joe Gould" contém dois perfis que o jornalista escreveu sobre Joe Gould, um vagabundo que largou tudo (inclusive estudos em Harvard) para escrever "Uma história Oral do Nosso Tempo”. Um livro gigantesco, onze vezes maior que a bíblia, onde estaria reunido todo tipo de histórias e conversas que Gould ouvira na vida, recolhendo milhares de diálogos, discussões de rua, bares decadentes de Manhattan, etc. Joe Gould acreditava que, no futuro, essa sua obra seria de grande importância para o estudo histórico de sua época. Tinha como amigos vários escritores, editores, jornalistas e poetas. Morreu em 1957 e o livro que foi escrito nunca foi encontrado. Mas a lenda dizia que existia, aumentando a reputação e a admiração à volta do vagabundo Gould. Em 1964, sete anos após a morte de Gould e mais de vinte anos após o perfil da "The New Yorker", Joseph Mitchell escreveu para a mesma revista outro texto sobre o boémio nova-iorquino - "O Segredo de Joe Gould" -, revelando o mistério guardado por tanto tempo (texto que viria a dar neste livro).
 Depois dessa reportagem histórica, o jornalista nunca mais publicou sequer um texto. Morreu de cancro em 1996.

Cauê Lira

O Segredo de Joe Gould


Joseph Mitchell publicou nas páginas da revista The New Yorker o perfil de um literato maltrapilho que vivia perambulando pelo Greenwich Village, o bairro boêmio de Nova York. O personagem chamava-se Joe Gould. Em 1964, sete anos após a morte de Gould e mais de vinte anos após o perfil da The New Yorker, Joseph Mitchell escreveu para a mesma revista outro texto sobre o boêmio do Village - "O segredo de Joe Gould" -, revelando o mistério guardado por tanto tempo.

Quando o jornalista Joseph Mitchell inicia a narrativa sobre um excêntrico miserável de Nova York dos anos 40, o leitor já se depara com um texto que inspira curiosidade. O personagem em questão é um joão-ninguém, é exatamente isso que instiga também um dos repórteres mais importantes da revista The New Yorker

Seu grande orgulho consistia no maior projeto de sua vida, ao qual chamava Uma história oral do nosso tempo. Nela, o autor relatava sobre pessoas que ia conversando aleatoriamente pela cidade, figuras que, segundo Gould, eram os verdadeiros agentes que moviam a história de um país.

Neste trecho do livro Mitchell descreve Gould:

Gould era um exemplo perfeito do tipo de excêntrico comum em Nova York, o notívago solitário, e era esse traço dele que mais me interessava - esse traço e a História Oral -, não sua boemia; eu havia entrevistado vários boêmios do Greenwich Village e os achara surpreendentemente enfadonhos.

Ele era a criança catarrenta; era o filho que sabe que desapontou o pai; era o tampinha, o nanico, o metro-e-meio, o meio-quilo; era Joe Gould, o poeta; era Joe Gould, o historiador; era Joe Gould, o selvagem dançarino Chippewa; era Joe Gould, a maior autoridade mundial na língua das gaivotas; era o proscrito; era o exemplar perfeito do notívago; era o ratinho; era o único membro do Partido Joe Gould [...]

Gould parecia um vagabundo e vivia como um vagabundo. [...] Era disparatado, arrogante, intrometido, mexeriqueiro, caçoísta, sarcástico e grosseiro.
Gould não é, de forma alguma, um vagabundo. Acredita que a diversão que proporciona vale o que consegue filar. Não bajula ninguém e não agradece. Se o afastam polidamente, dá de ombros e vai embora. No entanto, se alguém faz algum comentário do tipo ‘Fora daqui, vagabundo’, volta-se para o ofensor e, sem se importar com seu tamanho, passa-lhe uma descompostura chula numa voz esganiçada e fanhosa. E não mede as palavras.

Joe Gould é um homenzinho alegre e macilento, conhecido em todas as lanchonetes, tabernas e botecos imundos do Greenwich Village há um quarto de século. Às vezes ele se gaba de ser o último dos boêmios. ‘Os outros caíram fora’, explica. ‘Uns estão na cova, outros no hospício e alguns no ramo publicitário’.



O Segredo de Joe Gould é bem mais que uma reportagem. Não apenas pela qualidade do texto, a capacidade de escutar e a paciência do repórter Joseph Mitchell, mas também pela relação que se estabeleceu entre entrevistador e entrevistado.

Gould morreu em 1957 e o livro que vinha escrevendo, Uma história oral do nosso tempo, nunca foi encontrado - não se sabia, então, nem mesmo se chegara de fato a existir. Depois dessa reportagem histórica, o Mitchell nunca mais publicou sequer um texto. Mesmo assim, continuou a frequentar a redação diariamente e a receber salário até o fim da vida. Morreu de câncer em 1996.

Em 2000 houve uma adaptação para o cinema, dirigido por dirigido por Stanley Tucci e estrelado por Ian Holm, Hope Davis, e o próprio Stanley Tucci, sendo bem aceito pela crítica especializada.





- Rodrigo Fabretti

Anjos da Morte

Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, "Filhos do Éden II: Anjos da Morte" leva o leitor ao universo celestial criado por Eduardo Spohr em "A Batalha do Apocalipse".
Sucessor de "Filhos do Éden : Herdeiros de Atlântida", o romance conta a história de Denyel, um querubim exilado, e sua trajetória com o grupo intitulado Anjos da Morte às margens do apocalipse. A obra é ambientada na linha tênue entre o mundo espiritual e material, onde seres celestes possuem a habilidade de transitar entre ambos. O timeline da história compreende a invasão das tropas aliadas à queda do muro de Berlim em 1989.
Segundo Spohr, o sucessor de Filhos do Éden: Anjos da Morte já está sendo planejado.


Cauê Lira

Livro: O Segredo de Joe Gould

Uma das principais virtudes de Joseph Mitchell, considerado um dos maiores expoentes do Jornalismo Literário, é a fluência dos seus textos. Notório perfeccionista e muito cuidadoso com as palavras, o autor é capaz de dar leveza ao que escreve e proporcionar horas seguidas de leitura de suas obras, sem que isso seja uma tarefa cansativa. O Segredo de Joe Gould é um exemplo típico dessa valiosa característica de Mitchell, um livro do tipo que as pessoas costumam dizer que lêem em uma única “sentada”, apesar preencher 138 páginas.

Mas a fluência textual do escritor não é o único fator que faz com que o livro possa ser lido de uma vez só, a personalidade extremamente instigante do protagonista é tão responsável pela façanha, quanto as habilidades literárias de Mitchell. O perfil irreverente, por vezes cínico e sarcástico, do boêmio de Nova York consegue despertar o interesse do leitor, que se sente mais próximo de Joe Gould a cada página virada. Essa intimidade entre leitor e personagem é fruto do exímio trabalho de apuração do jornalista, que conviveu vários anos com Gould até concluir os dois artigos que compõem o livro.

“O Professor Gaivota”, escrito em 1942, e “O Segredo de Joe Gould”, de 1964, são os dois perfis do boêmio, escritos por Mitchell que juntos dão unidade à obra. Apesar de que a princípio o segundo possa parecer uma reiteração aprofundada do primeiro, aos poucos é possível entender a intenção do autor de juntar os dois artigos em um único volume. Ao término da leitura, depois da revelação do segredo, não resta mais hesitações acerca de como a união dos textos é imprescindível à coesão e à compreensão plena do livro.

Outro êxito da compilação são as pertinentes digressões do autor que revelam partes de sua própria vida e fatos interessantes do processo de elaboração da obra. Alguns trechos metalingüísticos interrompem momentaneamente a descrição das peripécias de Gould e colaboram tanto para a que o texto não se torne cansativo, como para aumentar o interesse do leitor pelo protagonista. Em certos momentos da narrativa, Mitchell parece ser capaz de transferir ao texto suas aflições, sentimentos e reações em relação ao boêmio de vida desregrada.


Perfil de Gould – Na maior parte do livro, Joseph Mitchell se dedica a narrar e descrever a biografia, as idiossincrasias e as irreverências de Joseph Ferdinand Gould, que indubitavelmente representam o ponto alto da obra. Descendente de tradicionais famílias americanas, Joe desiste de se dedicar a um ofício depois que se graduou em Harvard e prefere ser um boêmio de Nova York, que usa roupas poídas, raramente tem mais de um dólar no bolso, vive às custas de favores de amigos e fuma guimbas de cigarro apanhadas no chão das ruas.

No decorrer do texto, o personagem se mostra carente e revela imensa necessidade de chamar atenção. Para isso, não se cansa de enumerar suas qualidades, das quais a que mais gosta de exaltar é a capacidade de entender as gaivotas, já que segundo ele, passou bastante tempo as observando. Nas festas que freqüenta, quase sempre sem ser convidado, Gould não perde a oportunidade de expressar os grunhidos e movimentos típicos que aprendeu na companhia das tais aves.

Apesar de todas as essas excentricidades, o maior atrativo de Joe Gould é o livro que ele escreve desde o princípio de sua boemia, ao qual ele se refere como “A história oral de nosso tempo”. Segundo o protagonista, o livro é o maior já escrito no mundo, compostos de alguns capítulos de ensaios sobre seus devaneios e outros de transcrição de conversas ouvidas por ele, durante suas perambulações nas ruas. Para Gould, o livro representa o seu maior tesouro e o meio pelo qual vai escrever o seu nome na posteridade e ser considerado um grande historiador dos tempos modernos.

Barbara Demerov

O segredo de Joe Gould




O atual cenário do jornalismo convencional, com toda a sua lógica industrial
de leads, pirâmide invertida, pautas etc, nos despertou o interesse em estudar
um modelo do jornalismo pouco discutido entre os estudantes de
comunicação: o Jornalismo Literário. Hoje, o excesso de trabalho e a falta de
tempo não facilitam o processo de construção de textos com características
literárias. Os recursos e espaços nos jornais impressos não permitem que haja
abertura para textos mais longos. Informações fragmentadas são justificativas
de que os leitores não gostam e estão sem tempo para ler, tornando claro o
preconceito que atinge grande parte dos meios de comunicação.
Nesse cenário, a imprensa perde a oportunidade de contar histórias de vidas
que poderiam despertar nos leitores uma identificação que vai além do
simples fato cotidiano. Histórias que poderiam gerar empatia fariam com que
o leitor se identificasse com a experiência do outro. A preocupação com este
jornalismo cada vez mais engessado fez com que escolhêssemos um objeto de
pesquisa que é considerado uma obra-prima do Jornalismo Literário. Sendo
assim, acreditamos que de alguma forma proporcionaremos uma oxigenação
às práticas jornalísticas dos que lêem este trabalho, bem como das prateleiras
que estão cheias de monografias que, muitas vezes, não trazem nada de novo
e que poderiam agregar algum valor à atividade jornalística.
Este trabalho tem como problema de pesquisa a busca da verificação dos
elementos jornalísticos e literários e seus hibridismos na construção dos perfis
de Joe Gould.






a obra de Joseph Mitchell é considerada um dos
clássicos do jornalismo literário. O interesse também surge por ter sido ele
um jornalista que sabia ouvir. Seu jeito ímpar de narrar o mundo também
desperta a curiosidade de estudar seus textos, em especial o perfil de Joe
Gould. A grande representatividade do hibridismo entre jornalismo e
literatura encontrada no livro é um fator que também aguça o interesse em
estudá-lo. Todas essas características nos fazem acreditar que o objeto de
análise poderá contribuir para uma nova visão para além do jornalismo
convencional, criando discussões saudáveis em âmbito acadêmico.
Joseph Mitchell foi um dos jornalistas americanos mais respeitados do século
XX. Destacou-se pela forma minuciosa que utilizava para descrever seus
personagens. Em O Segredo de Joe Gould (2003), ele narra a convivência
com o personagem desde o primeiro encontro. Segundo João Moreira Salles,
no posfácio escrito para o livro.






Devido à grande relevância no cenário do jornalismo e da literatura, nosso
problema de pesquisa é verificar os elementos dos textos jornalístico e
literário e seus hibridismos na construção dos perfis de Joe Gould. Na
metodologia será feita análise de conteúdo com duas modalidades: análise
categorial e análise de discurso.
À princípio, será feita uma categorização que irá abordar aspectos de um
texto jornalístico, as características dessa prática e suas limitações. Serão
analisadas também as divergências e convergências do jornalismo e da
literatura. Para a análise serão retirados trechos do texto para aplicação dos
conceitos teóricos. Também serão abordados aspectos de um texto literário,
como a narração do espaço: paisagens, interiores, objetos, a livre
interpretação etc. A análise do discurso será fundamental visto que serão
feitas observações detalhadas do sujeito no texto.
O objeto empírico a ser analisado é o livro O Segredo de Joe Gould (2003),
de Joseph Mitchell. Ele faz parte da coleção Jornalismo Literário, da
Companhia das Letras e foi publicado em 2003, pela Editora Schwarcz, cujo
título original é Joe Gould’s Secret. A tradução foi feita por Hildegard Feist,
com posfácio de João Moreira Salles.
O livro possui dois perfis de um mesmo personagem, escritos pelo jornalista
Joseph Mitchell para a revista The New Yorker. O primeiro, O Professor
Gaivota, foi escrito em 1942 e publicado na edição de 12 de dezembro do
mesmo ano. O segundo, O Segredo de Joe Gould, saiu nas edições de 19 e 26
de setembro de 1964, 22 anos depois.

Rodrigo Bifani


O Segredo Joe Gould

 O personagem em questão é um joão-ninguém; um “homenzinho” que anda pelos bares e ruas e não tem nada de celebre ou exemplar para mostrar.

Além de ser uma presença atípica nas ruas da metrópole, o andarilho beirava o limite entre uma pessoa única e inocente, mas desagradável ao mesmo tempo. Sua excentricidade rendia-lhe convites, assim como podia causar náuseas como quando ele insistia em mostrar saber falar o idioma das gaivotas: o “gaivotês”. Mas seu grande orgulho consistia no maior projeto de sua vida, ao qual chamava Uma história oral do nosso tempo.

O livro é dividido em duas partes justamente pelo cuidado que Mitchell tomou ao publicar o que rendeu duas reportagens na New Yorker. O primeiro, intitulado O Professor Gaivota, é mais curto e conta sobre essa figura fascinante que também era capaz de irritar o narrador em algumas conversas que pareciam não ir mais a lugar algum. O segundo perfil, este o próprio O Segredo de Joe Gould, foi publicado vinte e dois anos após o primeiro, em 1964, quando Gould já havia morrido. Mitchell continuou uma história que julgara impossível de relatar quando seu personagem ainda vivia ,preservando sua dignidade.

O suspense para descobrir o que Joe Gould escondia de todos só não causa tanta aflição porque a narrativa flui e faz com que o leitor se aproxime e crie uma simpatia tanto pelo boêmio nova-iorquino quanto pelas situações vividas por ele. O segredo revelado finda uma busca seguida pelo repórter a passos de detetive e carregada de voltas em torno dessa personalidade tão ímpar.


Thainá Marques

O segredo de Joe Gould


O Segredo de Joe Gould se caracteriza por ser  bem mais que uma reportagem. Não apenas pela qualidade do texto, a capacidade de escutar e a paciência do repórter Joseph Mitchell, mas também pela relação que se estabeleceu entre entrevistador e entrevistado.


Mitchell se interessou por Joe Gould por duas razões: por este ser um homem solitário e também por ser autor da História Oral, obra à qual Gould dedicou muitos anos de sua vida, percorrendo a cidade de Nova York, ouvindo as pessoas e anotando tudo que lhe parecesse interessante,Gould era um exemplo perfeito do tipo de excêntrico comum em Nova York, o notívago solitário, e era esse traço dele que mais me interessava.

O repórter manteve o segredo de Joe Gould por muitos anos e só o revelou sete anos após a morte de Gould. Um segredo que por muitos momentos ele se arrependeu de ter descoberto e que virou tabu entre ambos: nunca discutiram a fundo a questão, pois Mitchell percebeu que o segredo era a própria vida de Gould.

Não revelaremos o segredo de Joe Gould por amizade ao leitor. No entanto, para aguçar ainda mais a curiosidade pela leitura da obra, acrescentamos que depois que Mitchell revela o segredo de Gould, passa a revelar alguns de seus próprios segredos e a perceber suas próprias e insuspeitas semelhanças com o boêmio, mendigo, excêntrico e interessantíssimo Joe Gould.

Novamente nas palavras de Mitchell: ‘O Excêntrico Autor de um Grande Livro Misterioso e Inédito  essa era sua máscara. Escondido atrás dela, criara um personagem muito mais complexo, a meu ver, do que a maioria dos personagens criados pelos romancistas e dramaturgos de sua época.

A vida e quem sabe até mesmo o jornalismo supera a ficção. No entanto, nunca é demais lembrar que o repórter teve todo o tempo de que necessitou para escrever sua matéria. Eram tempos em que era possível praticar o jornalismo literário, hoje devidamente ultrapassado pelo jornalismo em tempo real. Tempo real no qual um personagem como Joe Gould talvez só pudesse existir na ficção.
                                             Larissa Karoline

quarta-feira, 17 de abril de 2013

JOSEPH MITCHELL


Nascido em 1908, no sul dos Estados Unidos. Filho de agricultor, ele foi um dos repórteres mais talentosos da revista The New Yorker. Joseph tinha total liberdade na revista, ele podia escrever o que quisesse, no tempo que precisasse. Morreu de câncer em 1996.

Joseph Mitchell é um dos nomes mais respeitados da prosa de não-ficção americana. Seu estilo, ricamente sintético e informativo, possui uma elegância inusual e a exatidão obstinada dos grandes escritores. Os perfis e pequenas reportagens de Mitchell ajudaram a criar os paradigmas de um novo tipo de jornalismo que se configurava lentamente nos Estados Unidos, e que teve seu auge na turbulenta década de 1960: francamente narrativa e construída a partir de uma inédita posição subjetiva, como a prosa marcada por uma linguagem diferente da que era usualmente utilizada em jornais e revistas, a escrita jornalística foi elevada a categoria de arte. Porém, se é certo que esse jornalismo literário norte-americano foi responsável por uma reviravolta na gramática e mentalidade dos meios de comunicação, também seria correto afirmar que, para conquistar seu espaço e atrair leitores, ele teve que se ater principalmente a personalidades extravagantes e grandes acontecimentos históricos. Seu espaço de excelência foi o dramático e fora do comum, simplesmente porque para se narrar o mundo ordinário dos homens necessita-se de uma sensibilidade que é o avesso do próprio espírito comercial do jornalismo: uma apaixonada vocação para o insignificante. Opor crônicas de famílias mafiosas ao cotidiano de ciganos maltrapilhos; enxergar a idade secular de um relógio de parede enquanto o homem pisa, tateante, na Lua; preterir o glamour de astros e produtores de roque a música dos tristes solistas de metrô; os cuidados que um jardineiro dedica às suas rosas e orquídeas numa praça qualquer aos horrores secessivos de um assassinato brutal. Joseph Mitchell, nesse sentido, foi um gigante em tom menor: sua prosa magistral só alcança o cotidiano do anonimato. Talvez por isso, pela sublime monumentalidade que desvendou nos hábitos mais mínimos, pela vitória que infligiu ao tempo, seu nome seja uma das referências capitais de um movimento de cuja participação, inclusive, desconhecia. Com seus perfis e reportagens sobre miudezas, tornou-se um clássico involuntário; e, mesmo que a Nova Iorque de seu trabalho tenha perecido e seja apenas sombra de segundos nunca mais repetidos, são inegáveis o frescor e a atualidade de sua prosa e a perseverança de sua imaginação.



                                                                                                                                      Nathalia Cirillo

O estranho socialismo de Chico Buarque


O secretário da cultura de São Paulo, Juca Ferreira, informa que, apesar de todos os esforços e apelos, Chico Buarque se recusou a tocar na Virada Cultural, prevista para 18 de maio.
Há três meses, Chico está no topo da lista dos artistas pedidos para o evento. A enquete, votada por internautas, já teve mais de 800 mil votos. É estranho.
Estranho especialmente vindo de Chico Buarque, cuja imagem está associada à democratização da sociedade e, especialmente, ao socialismo.
Digo isso porque para ir aos seus seus shows há uma enorme barreira de renda, acessível aos mais ricos.
A Virada Cultural seria uma chance de muita gente ver um dos indivíduos mais talentosos da cultura brasileira, cujas letras e músicas são fontes de inspiração e prazer há décadas.
No mínimo, seria uma homenagem à cidade em que foi educado, projetou-o nacionalmente por meio dos festivais e onde seu pai foi tão marcante.


Rodrigo Fabretti

Biografia de Hilda Hilst

A poeta, escritora e dramaturga Hilda Hilst nasceu em 21 de abril de 1930, na cidade interiorana de Jaú, no Estado de São Paulo. Era a única filha de Apolônio de Almeida Prado Hilst, fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta, e de Bedecilda Vaz Cardoso. Quando ainda era muito nova, seus pais decidiram se separar, e assim ela se transferiu com a mãe para Santos. Seu pai passou boa parte da existência, a partir dos 35 anos, internado em um sanatório, na cidade de Campinas, pois era portador de uma esquizofrenia incurável.
Hilda era admirada e desejada por empresários, poetas, até mesmo Vinicius de Moraes, e artistas os mais diversos, por possuir uma beleza sem igual. Em 1950 ela publica sua primeira obra, Presságio, seguida de Balada de Alzira, editada em 1951. Com o término da Faculdade, ela lança Balada do Festival.
Em 1957 ocorre um fato curioso, a escritora parte para a Europa e vivencia um breve namoro com o ator Dean Martin. Ela segue se dedicando cada vez mais à literatura, inspirando seu primo José Antônio de Almeida Prado a compor a Canção para soprano e piano, entre outras obras, e influenciando também os compositores Adoniran Barbosa e Gilberto Mendes. No ano de 1966 ela toma uma decisão crucial em sua vida e na sua carreira literária, transferindo-se para a Casa do Sol, chácara localizada perto de Campinas, em busca da solidão para melhor desenvolver seu processo criativo. Ali ela reuniu, ao longo de muitos anos, escritores e artistas.
A escritora produziu uma vasta obra, por um período de quase cinquenta anos, recebendo por ela os prêmios mais importantes da Literatura e da Dramaturgia, como o Prêmio PEN Clube de São Paulo, pelo livro Sete Cantos do Poeta para o Anjo, e o Prêmio Anchieta pela peça O Verdugo.
Em 1968 ela se casa com o escultor Dante Casarini, passando a residir com ele no mesmo refúgio em que se encerrara para produzir sua obra, tão irreverente quanto o comportamento da escritora, muito moderno para sua época, abordando temas como o homossexualismo e o lesbianismo. Ela escreveu, entre outros, Presságio, Balada de Alzira Balada do festival, Roteiro do Silêncio, Trovas de muito amor para um amado senhor, Ode Fragmentária ( Poesia); Fluxo – Floema, Qadós, Ficções (Ficção); A Possessa, O rato no muro, O visitante (Teatro). Hilda Hilst partiu desta vida em 4 de fevereiro de 2004, em Campinas.

Link para pesquisa
Comentário:Grande poeta, dramaturga e romancista brasileira: Hilda Hilst, ganhou importantes  prêmios literários brasileiros. A principal característica de suas obras é escrever poesias e ficção com temas muito próximos a ela, que abordavam na maioria das vezes temas polêmicos, como homossexualidade e a insanidade.
Larissa Karoline


terça-feira, 16 de abril de 2013

Autora escreve livros "ao vivo" pelo Google Docs


Ferramente permite que os usuários vejam a história ser escrita em tempo real.


A autora de livros Silvia Hartmann decidiu fazer duas coisas que vão contra os ideais da maioria dos escritores da atualidade. Primeiro: mostrar seu livro antes de estar terminado e segundo: gratuitamente.

A alemã é a primeira escritora do mundo a escrever um romance “ao vivo”, pelo Google Docs. Qualquer pessoa, que tenha acesso à internet, pode acompanhar o desenvolvimento de suas histórias, dia após dia, palavra por palavra. É como ver um livro surgir aos poucos, o que faz com que esse novo jeito de escrever lembre muito com o formato de uma novela.

Nessa quarta-feira, 12 de setembro de 2012, Silvia começou a escrever seu primeiro livro nesse formato. Em  algumas horas, os internautas puderam ver o início de "The Dragon Lords” ser escrito. A ferramenta do Google permite que as pessoas acompanhem o arquivo conforme o autor vai escrevendo, letra por letra.

“É uma oportunidade incrível para mim, como escritora, ultrapassar o limite da relação entre o autor e o leitor. Está sendo incrível saber que as pessoas estão vendo cada palavra, parágrafo e capítulo que escrevo”, disse a autora em recente entrevista.

Silvia criou, inclusive, um projeto, chamado “The Naked Writer” (algo como “A escritora nua”), que defende, justamente, a ideia de escrever de forma colaborativa. Ela, que já publicou diversos livros da maneira "convencional", divulgou seu novo romance pelas redes sociais e está sempre em busca de feedback. Os leitores podem comentar sobre a história e fazer sugestões enquanto a história está sendo escrita.

Larissa Karoline

Notícia - Festival vai debater literatura policial em São Paulo


A cidade de São Paulo ganhará mais um espaço para debater literatura: Entre os dias 19 e 22 de setembro, será realizada na sede da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), no Centro, a 1ª edição do Pauliceia Literária. O evento tem curadoria de Christina Baum, que já esteve na organização de encontros como a Flip e os festivais literários da Palestina e de Londres, e será aberto ao público em geral.
Como se trata de um projeto organizado por advogados, nada mais natural que o foco dos debates seja nos assuntos que lhes são caros. Patrícia Melo, uma das principais autoras brasileiras do gênero policial, será, claro, homenageada nesta edição. Ela fará a conferência de abertura, dará uma oficina literária exclusivamente para advogados e participará de outros momentos.
"Vamos homenagear uma autora que se caracteriza por uma literatura conectada com o direito, embora absolutamente desconectada do direito técnico. Seus personagens têm uma riqueza psíquica fantástica e ela lida com a mente do criminoso e com a figura do crime, e não há nada mais vinculado à advocacia do que a figura do crime", diz Luís Carlos Moro, diretor cultural da AASP e "leitor compulsivo" da obra de Patrícia, na apresentação do evento, em São Paulo.
A programação, no entanto, não se restringirá a crime, suspense e mistério. Haverá mesas sobre ensaio e poesia, entre outros temas. Obras que têm São Paulo como cenário também estarão em pauta. Além de Patrícia, já estão confirmados os portugueses Miguel Sousa Tavares e Valter Hugo Mãe, o cineasta francês Philippe Claudel, o britânico Richard Skinner, os americanos Scott Turow e William Landay, o mexicano que vive no Brasil Juan Pablo Villalobos e os brasileiros Laurentino Gomes, Tony Bellotto, Alberto Mussa, Michel Laub e Maria José Silveira. Serão cerca de 25 autores e a programação completa deve ser divulgada em agosto.
"Queremos criar o diálogo entre o direito e a literatura e estimular a troca cultural. A palavra é a ferramenta do advogado. Para ser um bom escritor, um bom orador, ele deve ser, também, um bom leitor", comenta Christina Baum.
Para preparar o público para o festival, serão realizados a partir do mês de maio clubes de leitura na AASP e em outros locais, como a Livraria Cultura, parceira do evento. A agenda ainda será anunciada.
O site http:// www.pauliceialiteraria.com.br já está no ar. Em breve, haverá uma versão em inglês. Os ingressos começam a ser vendidos em 19 de agosto, mas os preços ainda não estão definidos - associados, estudantes de terceira idade pagam meia.
Fonte: Estadão.
Barbara Demerov

Estamira

Dirigido por Marcos Prado e reconhecido internacionalmente, o documentário homônimo conta a história de Estamira, uma senhora com problemas mentais que vive em um aterro sanitário no Rio de Janeiro. Estamira chama a atenção por representar a linha tênue entre a lucidez e a loucura. Seus questionamentos apontavam temas como Deus, família, existência, etc...


"Foi fascinante. Ela era quase que uma profetisa dos dias atuais, uma pessoa muito legítima. Jamais montamos suas frases na edição. Todos os discursos incluídos no filme são contínuos. Ela acreditava ter a missão de trazer os princípios éticos básicos para as pessoas que viviam fora do lixo onde ela viveu por 22 anos. Para ela, o verdadeiro lixo são os valores falidos em que vive a sociedade", comentou o diretor sobre a experiência de gravar o documentário. 

Estamira morreu por negligência do Hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro, após ficar abandonada nos corredores sem nenhum atendimento, vítima de uma infecção generalizada. A Secretaria Municipal de Saúde negou as acusações e informou que Estamira não havia sido acomodada nos corredores da unidade.
Cauê Lira


terça-feira, 26 de março de 2013

Veja como tirar proveito de redes sociais sem perder produtividade

Os jovens que passam horas navegando pelas redes sociais durante o horário de trabalho podem prejudicar seu futuro profissional. O alerta é de Manoela Costa, gerente da Page Talent, unidade de negócios da Page Personnel dedicada ao recrutamento de estagiários e trainees. Segundo ela, jovens que não sabem utilizar o Facebook, Twitter, LinkedIn e outras redes de forma equilibrada podem comprometer sua trajetória profissional.“As redes sociais fazem parte do cotidiano desses jovens. A maioria acessa diariamente pelo smartphone ou pelo computador. O que tem de ser ponderado é a quantidade de horas que esses profissionais passam conectados às redes durante o horário de trabalho.
Por meio de um levantamento realizado nacionalmente em novembro de 2012 com cerca de 200 estagiários e trainees, a Page Talent procurou entender se os jovens utilizavam as redes sociais e por quanto tempo ficavam conectados nesses sites. Quase metade dessa amostra (46%) afirmou que checa as redes sociais durante o horário de trabalho. E 42% desse mesmo público confidenciou que passa ao menos uma hora por dia ligado nas redes de relacionamento durante o expediente. Além disso, um terço dos entrevistados reconheceu que a atividade pode atrapalhar na produtividade.
Claro que não podemos generalizar. Há outros fatores que influenciam na produtividade dos jovens profissionais, como falta de autonomia, de conhecimento, de experiência e de uma gestão bem direcionada e influenciam muito nos resultados finais apresentados por cada profissional”, afirma a especialista.Para ela, as redes sociais são benéficas e também podem ser uma aliada no ambiente profissional. “

Barbara Demerov

Dica: Blog da semana!


reprodução
“O Depósito de Calvin” é um paraíso para os fãs de “Calvin e Haroldo”, personagens das tirinhas criadas, escritas e ilustradas pelo norte-americano Bill Watterson.
O blog reúne diversas histórias dos personagens, divididas por temas. Traz também frases, artes feitas por fãs, vídeos e livros ligados a sagaz ao inteligente  garoto de 6 anos e seu grande companheiro, um tigre de pelúcia, que ganha vida em sua imaginação.
Durante os dez anos em que as tirinhas foram produzidas, de 1985 a 1995, as histórias dos personagens estamparam as páginas de mais de 2.400 jornais em todo o mundo.
No blog, além de tirinhas exclusivas da dupla de personagens, existem dicas de outros livros, filmes, Biografia dos autores, etc. ótima oportunidade para conhecer ou explorar mais o mundo dos quadrinhos. 
Link do blog: http://depositodocalvin.blogspot.com.br/

Rodrigo Bifani


Virada cultural têm data confirmada em São Paulo


Está fechada a data da Virada Cultural na cidade de São Paulo: 18 e 19 de maio, segundo informou ao Catraca Livre o secretário da cultura, Juca Ferreira.

Uma das novidades, neste ano, é que haverá uma programação mais intensa para as crianças, batizada de “Viradinha”. “Gostaria de a Viradinha fosse um dos pontos altos da festa”, afirma.
Juca Ferreira, Secretário da cultura

A Virada Cultural, segundo ele, terá uma abertura diferente: os Estados brasileiros estão sendo convidados a enviarem representações de suas mais fortes manifestações artísticas. “Queremos mostrar que São Paulo resume o Brasil”, afirma o secretário.

Por causa da votação realizada pela internet, lançada pelo Catraca Livre, Juca disse que está pessoalmente empenhado em trazer Chico Buarque – ele era o primeiro na votação, que já teve mais de 580 mil votos. perdendo liderança somente para Charlie Brown Jr. (contudo seria inviável, já que vocalista Chorão morreu) 
Juca disse também que, neste ano, quer fazer um festa de São Paulo que seja um dos principais eventos da cidade, além de um encontro que reúne manifestações das colônias estrangeiras. Consulados têm se interessado em participar desse evento.
Juca afirma também que evento será transmitido Ao vivo pela internet. 

Rodrigo Bifani.








segunda-feira, 25 de março de 2013

Adolescente de 17 anos morre ao capotar carro roubado na zona sul de São Paulo

Uma perseguição policial terminou com a morte de um adolescente de 17 anos em um grave acidente na madrugada desta segunda-feira, 25, na altura do número 5.305 da Avenida Senador Teotônio Vilela, nas proximidades da Rua Hilário Ascabusi, em Cidade Dutra, zona sul de São Paulo.


De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a perseguição começou no Jardim Icaraí por volta de 4h30, quando policiais militares suspeitaram do adolescente, que dirigia um Hyndai modelo IX35. O garoto acelerou o veículo, mas perdeu o controle e capotou. O carro bateu em um Fiat, um táxi e um ônibus. O adolescente ficou preso nas ferragens e chegou a receber atendimento no Hospital Geral do Grajaú, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a SSP, o carro conduzido pelo menino era furtado.
O motorista do ônibus ficou ferido e foi socorrido no Pronto-Socorro de Vidas. As duas pessoas que estavam no Fiat não sofreram ferimentos.
A faixa da esquerda da Avenida Senador Teotônio Vilela, sentido centro, permaneu bloqueada até às 14 horas para realização de perícia. O caso foi registrado pelo 85º Distrito Policial, do Jardim Mirna, pelo delegado André Eustáquio da Fonseca. 
Thainá Marques

Quadrinista japonesa transforma vida de Steve Jobs em mangá

O primeiro episódio de uma história em quadrinhos que relata a vida do cofundador da Apple, o americano Steve Jobs --morto em 2011-- criada pela desenhista japonesa Mari Yamazaki será lançado nesta semana no Japão, na revista mensal "Kiss".
O mangá, como são conhecidas as histórias em quadrinhos japonesas, será uma adaptação oficial da biografia autorizada de Jobs, escrita por Walter Isaacson.
Yamazaki optou por publicar esta história biográfica em quadrinhos na "Kiss", um mangá orientado para mulheres adultas, uma decisão que alguns meios qualificaram como arriscada.

No entanto, Kodansha, a editora da revista, se mostrou convencida que a autora é capaz de fazer com que a vida e a obra de Jobs sejam interessantes para suas leitoras.
Yamazaki teve bastante sucesso com "Termae Romae", um mangá peculiar que conta a história de um arquiteto romano do século II que viaja, através de um vórtice, ao Japão contemporâneo, e fica maravilhado pela cultura dos balneários japoneses, cujos avanços aplicou depois no design de seus termas.
Apesar de escrever para o mercado japonês, Yamazaki morou por mais de 20 anos na Europa e atualmente vive em Chicago.
O mangá da desenhista não é o primeiro que viaja em torno da figura de Jobs no Japão, onde a marca da maçã sempre despertou enorme devoção.
Em 1984, Mitsuru Sugaya publicou na revista infantil "Kokoro Comic", um mangá intitulado "A História do Apple II" sobre o bem-sucedido computador de oito bits lançado no mercado em 1977.
Em 2011, Takahiro Ozawa, Asako Seo e Keiichi Matsunaga lançaram uma história em quadrinhos para internet chamada "Steves", seguindo os passos dos dois fundadores da Apple, Steve Jobs e Steve Wozniak.

Thainá Marques



terça-feira, 19 de março de 2013

Funcionalismo (Teoria da Comunicação)


     A Teoria Funcionalista estuda o equilíbrio entre indivíduos e veículos e todo o sistema de transmissão de conteúdo englobado. Trata-se de um estudo sociológico no setor de comunicação, principalmente sobre a mídia de massa.
É funcionalista por tentar entender a função de cada meio comunicativo e a lógica na problemática social.  Relativo ao indivíduo considera o nível social das pessoas atingidas por determinada mídia, o prestígio veiculado nessa relação e as possíveis resistências de recepção do que é veiculado. A teoria sempre defende que a existência de uma mídia deve ser submetida a uma necessidade, existência influenciada por demandas sociais. A teoria funcionalista esteve ligada a estudos desenvolvidos nos EUA, e aos teóricos da Escola de Frankfurt, na Alemanha.
A Teoria Estrutural Funcionalista foi desenvolvida por Harold Lasswell em sua preocupação de analisar e associar ligação entre os meios de comunicação e o seu público. A teoria de Lasswell tinha como princípio quatro perguntas básicas: Quem diz? Em qual meio? Para quem? E com qual consequência?
Essas perguntas buscavam localizar o poder político dos meios e  analisar a relevância de seus conteúdos emitidos. Visavam também subdividir os objetivos de cada mensagem no primeiro momento e nos momentos seguintes. Na análise social de cada meio, visava acompanhar o cumprimento cultural e educativo de uma mídia de massa como instrumento social. A partir dos estudos de Lasswell, iniciou-se uma corrente de estudos e pesquisas nas funções dos veículos de comunicação de massa na sociedade. A teoria aborda constantemente a relação indivíduo, sociedade e mídia de massa, numa preocupação com o equilíbrio do sistema social.

- Harold Dwigth Lasswell



Rodrigo Fabretti

Caco Barcellos: "Por enquanto, sou o repórter das injustiças sociais”


Caco Barcellos, o repórter das injustiças sociais, como ele mesmo define, foi destaque no encerramento da 10ª Secomt (Semana de Comunicação Toledo), em Araçatuba.

O palestrante tem, por excelência, uma postura equilibrada, entre o jornalista e o cidadão-comum. Atento ao que lhe rodeia, demonstra sensibilidade, sem perder o profissionalismo. Sabe transmitir valores, compartilhar experiências, provocar reflexões e despertar interesses.

No programa “Profissão Repórter”, da Rede Globo, Caco convive com jovens jornalistas. Enfrenta vários desafios e uma missão: mostrar a notícia com diferentes ângulos. Um formato ousado e atrativo, que lhe rende méritos.


Barcellos também é referência em jornalismo investigativo, destacando-se, principalmente, em apurações sobre o tráfico e a violência. Não só em trabalhos televisivos, mas também em livros que conquistaram grande sucesso no meio jornalístico, como “Rota 66” e “Abusado”.
O primeiro tem a premissa de envolver o leitor em uma situação real, mas pouco explorada pela mídia: conflitos entre policiais e jovens da periferia, sob a ótica das vítimas. O segundo evidencia o universo das drogas e os protagonistas do tráfico, até então desconhecidos pela sociedade.


Durante a palestra, o jornalista apresentou duas reportagens. Além de falar sobre a produção e repercussão, Barcellos comentou sobre direcionamentos, personagens, mercado de trabalho e como empreender na área. 
Para Caco Barcellos, o olhar diferenciado e crítico, a apuração responsável e o compromisso com as fontes são ferramentas indispensáveis na prática jornalística. Dentre seus ideais está a defesa dos menos favorecidos, o respeito ao próximo. “Quando o país deixar de ser injusto, eu vou ser o repórter das justiças sociais. 
                                    Por enquanto, sou das injustiças sociais”, afirma. 
O jornalista não nasceu em “berço de ouro”. Aos 12 anos vendia passes escolares, depois ajudava na venda de frutas e verduras. Mais tarde enfrentava uma carriola, juntando vidros e ossos.
As palavras bem colocadas, a tranquilidade, o sorriso sereno de Caco Barcellos e a facilidade de compartilhar experiências não surpreendem. São peculiaridades dignas de quem, “por sorte”, venceu os obstáculos, e, com coragem, aprendeu a contar histórias.


Larissa Karoline